Logo choveram críticas de outros cientistas, dizendo que não passava de um exemplar da nossa espécie, o homem moderno, só que era anão ou microcéfalo ou ambas as coisas. A equipa que o encontrou contra-atacou, explicando, por que razão é mesmo de uma espécie diferente da nossa. A equipa da paleoneurologista Dean Falk, da Universidade Estadual da Florida (EUA), reconstituiu em computador, a três dimensões, o tamanho e a forma externa do cérebro do homem das Flores a partir do crânio encontrado. Até as fendas na superfície do cérebro foram tidas em conta. Depois, os cientistas compararam esse cérebro virtual com reconstituições idênticas de humanos modernos: dez normais e nove com microcefalia, um problema caracterizado por um cérebro pequeno e deficiência mental. Concluíram que os vestígios do esqueleto quase completo de um hominídeo do sexo feminino, encontrados na gruta indonésia de Liang Bua, com um metro de altura e uma caixa craniana idêntica à de um chimpanzé, não são de um humano moderno microcéfalo. Encontraram-se ainda vestígios de vários indivíduos, mais fragmentados. Certas características superficiais do cérebro, como as fendas, permitem separar os humanos normais dos microcéfalos, garante agora a equipa. Noutros aspectos, o seu cérebro é único, o que é consistente com a atribuição de uma nova espécie. A comparação de duas áreas do lobo frontal, temporal e occipital mostram que o cérebro não era nada microcéfalo; era avançado, mas de uma forma diferente dos humanos actuais. Dean Falk afirma inclusive:"A equipa já tinha comparado o modelo interior do crânio do homem das Flores com um crânio microcéfalo. Mas agora alargou a amostra de crânios microcéfalos, para incluir os dois sexos, crianças e adultos, caixas cranianas entre 276 a 671 centímetros cúbicos e origens geográficas distintas (Europa, América e África). Com este artigo, os cientistas querem que a discussão em torno do Homo floresiensis, o nome científico, avancem para outras questões, como a da sua origem. Afinal, a existência de um hominídeo novo há 18 mil anos significa que a nossa espécie, o Homo sapiens, está sozinha há menos tempo do que se julgava. Até a esta descoberta, os Neandertais, extintos há 28 mil anos, foram os últimos humanos com quem coexistimos. "De onde veio?", questiona-se Dean Falk. "Descende de quem e o que diz sobre a evolução humana? Esta é a verdadeira excitação desta descoberta." Não é de esperar que a controvérsia acabe já. Mas a notícia, na semana passada, da autorização do regresso da equipa à gruta de Liang Bua - bloqueado pelas autoridades indonésias desde 2005, devido a uma disputa com uma cientista indonésia - pode ajudar, se forem encontrados mais crânios.
Fonte: www.publico.pt
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