quinta-feira, março 29, 2007

Gente feia favorece sobrevivência da espécie

Se temos uma tendência a preferir parceiros bonitos em relação a feios, por que a selecção natural não agiu até agora para eliminar gente feia do mundo? Esse grande paradoxo da evolução acaba de ser respondido por dois cientistas do Reino Unido. De acordo com seu estudo, isso acontece porque um gene que causa mutações no nosso genoma “sobrepõe-se” àqueles ligados às características que apreciamos, como a beleza. Por isso, em vez da selecção sexual diminuir as diferenças entre nós, como ditaria a lógica, ela, na verdade, torna-nos cada vez mais diferentes.O fato da selecção sexual não nos ter transformado numa espécie formada apenas por belas pessoas é um dos argumentos preferidos dos criacionistas para derrubar a teoria da evolução de Charles Darwin. Agora dois cientistas do Reino Unido, respondem. Segundo o seu estudo, a evolução não age por um mecanismo tão simplista.Estes usaram um modelo computacional para verificar se um elemento que alterava as mutações genéticas em bactérias também causava impacto em espécies que se reproduzem de forma sexuada, como nós. A resposta foi um surpreendente “sim”. Pela lógica, toda forma de selecção diminuiria as diferenças entre uma espécie em algumas gerações. Mas, na verdade, não temos nada a ganhar nos transformando em um grupo homogéneo de indivíduos. Para começar, a própria selecção natural pararia de funcionar uma vez que seríamos todos iguais; depois, o fim da diversidade genética é um risco: sem variações dentro da espécie para resistir, uma única doença causada por uma única bactéria poderia nos dizimar a todos; por outro lado, mutações também não são a coisa mais segura do mundo. A maioria delas causa problemas, como o cancro. Por isso, embora a falta de diversidade seja um problema, seria compreensível se a lógica seguisse seu curso e a selecção sexual diminuísse a quantidade de mutações dos nossos genes. Resolvendo o paradoxo, entra em cena o tal gene modificador, que os cientistas acreditavam que só agia em bactérias. Segundo a pesquisadora, o gene aumenta o número de mutações genéticas. Aumentando o número de mutações como um todo, ele também aumenta o número de mutações benéficas. Mutações essas que são seleccionadas por nós, através da selecção sexual, que levamos de brinde o gene modificador, que vai aumentar o número de mutações e a diversidade, começando tudo outra vez. “É um círculo. Sem diversidade não há selecção sexual. Então a selecção sexual selecciona indirectamente o gene modificador, que aumenta a diversidade, que permite que a selecção sexual continue existindo”, afirma Petrie. Ou seja, não apenas a teoria da evolução não está errada, como ela é muito mais complexa do que pensávamos. E se não somos uma espécie de top models, pelo menos seremos uma espécie que vai durar mais tempo.

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