A ideia básica por trás do genoma humano - de que os genes são transcritos por moléculas de RNA mensageiro e estes codificam proteínas que então controlam todas as funções do organismo - há alguns anos vem sofrendo abalos. Agora um novo estudo confirma que o funcionamento do DNA é muito mais complexo.
Os genes definitivamente não são tudo. Outros elementos estão em acção. A má notícia, no entanto, é que ainda não se descobriu exactamente como o genoma opera.
O problema da fórmula mágica, conhecida como dogma central, é que a quantidade de sequências de letras que leva à produção de proteínas é de apenas 1% do genoma. Temos só 30 mil genes, número que surpreendeu os cientistas quando o genoma humano foi codificado, em 2003, justamente por ser pequeno demais.
O arroz, para se ter uma ideia, tem 50 mil. Mesmo assim, por algum tempo se imaginou que todo o resto do genoma não tinha função nenhuma e ele recebeu o desonroso nome de DNA-lixo.
Aos poucos, no entanto, geneticistas começaram a observar que esse “lixo” tem um papel nas doenças genéticas. Eles viram que não apenas mutações em genes podem levar a problemas, como alterações nas letras (A, T, C e G) desses longos trechos também podem ser danosas.
A comprovação de que todo o genoma tem mesmo alguma função veio agora nos primeiros resultados do megaprojeto Encode.
O trabalho conduzido por 35 equipes de pesquisadores analisou com várias técnicas 1% do genoma humano e mostrou que praticamente o DNA inteiro é transcrito.
Ou seja, em vez de as moléculas de RNA mensageiro apenas lerem os trechos que codificam proteínas, elas também lêem todo o resto. Aparentemente essas sequências que não são genes têm um papel regulatório essencial.
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