quarta-feira, abril 18, 2007

DNA “enxuto” deu asas a dinos, diz estudo

Pesquisadores americanos e britânicos estimaram o tamanho do genoma (o conjunto do DNA) dos dinossauros. Não contentes com isso, ainda afirmam que o dado pode revelar como os “lagartões” ganharam sangue quente e, mais tarde, deram origem às aves. Segundo eles, um dos segredos pode ter sido um genoma "enxuto", que preparou o organismo dos animais para funcionar no ritmo necessário para alçar voo.
Um grupo de cientistas usou um truque simples e engenhoso para estimar a quantidade de DNA nas células de 31 espécies de dinos. Eles simplesmente disposeram os ossos fossilizados e mediram o diâmetro de pequenos buracos neles, os quais, em vida, eram ocupados pelas células ósseas.
Acontece que há uma correlação entre tamanho de célula e tamanho de genoma, já verificada em espécies actuais de vertebrados: quanto maior a célula, maior a quantidade de DNA. Usando métodos estatísticos baseados nesses dados de bichos modernos, os pesquisadores conseguiram fazer uma hierarquia dos "gen
omas reconstruídos" de dinos.
E não é que um padrão no mínimo curioso emergiu dos dados? Há uma diferença clara entre todos os dinos terópodes (os carnívoros que deram origem às aves) e os ornitísquios (herbívoros como o chifrudo Triceratops, que lembra um rinoceronte, ou os hadrossauros, com seus bicos de pato). Os terópodes teriam genomas com média de 1,78 bilhão de pares de "letras" de DNA -- pouco mais que a metade do tamanho do genoma humano -- enquanto os ornitísquios teriam quase 2,5 biliões de pares de "letras" em seu DNA.
O mais interessante é que o genoma “enxuto” parece estar presente desde a origem dos terópodes e, talvez, de todos os dinos. O bicho conhecido como Herrerasaurus pode ser tanto o primeiro terópode quanto um dos primeiros dinos -- e já apresentaria DNA "resumido".

Do calor ao vôo
Organ um dos cientistas, explica que as repercussões desse dado podem ser enormes. "Há evidências de que o tamanho do genoma varia junto com a velocidade do metabolismo”. "Fazer mais DNA caber na célula exige que o núcleo celular e a célula como um todo cresçam também. Isso tem consequências directas para a taxa de divisão celular, a respiração e outros factores ligados à razão entre a superfície e o volume dos tecidos."
Por outras palavras um genoma pequeno permite que as células sejam menores e se dividam mais rápido. Em conjunto, células pequenas e numerosas também têm uma superfície maior do que poucas e grandes células - o que facilita a vida delas na hora de fazer trocas químicas no sangue, por exemplo. Assim, é de esperar que um bicho de organismo "rápido" tenha genomas mais enxutos e mostre características como sangue quente.
Como o voo é uma actividade que exige quantidades enormes de energia, considera-se que um metabolismo rápido e sangue quente foram pré-condição para que alguns dinos se tornassem aves. E, de fato, tanto os genomas das aves modernas quanto os do outro grupo vivo de vertebrados voadores, os morcegos, são "resumidos" se comparados aos de seus parentes mais próximos. O mais curioso é que as aves que não voam mais, como os avestruzes e emas, voltaram a ter DNA grandalhão.


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